"Somethings in the rain" - playlist da série

domingo, 30 de dezembro de 2018

RECOMEÇAR EM QUALQUER IDADE - Elen de Moraes Kochman




 imagem

Recomeçar, 
                         em qualquer idade.


Elen de Moraes Kochman

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante, vai ser diferente". Carlos Drumond de Andrade, poeta e escritor brasileiro, foi muito feliz com esta citação.

Pensando sobre o assunto, um final é sempre triste, porque nos fecha uma porta de algum modo, e seja lá o que for que tenha ficado para trás – um amor, um emprego, um casamento, um amigo – nos traz desconforto, porque sabemos que o que passou, passou, é passado. E mesmo que no futuro haja reencontros, reconciliação, “naquele” momento só nos damos conta - e nos deprime - a sensação de perda. O único final que nos enche de contentamento é o de um ano, salvo raras exceções. Não sabemos aonde as pessoas buscam energia para participar de tantas festas! Dão presentes, recebem convidados, gastam o que não podem, e sentem, por vários motivos, alegria por despachar, nos últimos minutos, todas as suas angústias e tudo o mais que não deu certo em doze meses, para então festejar a chegada de um novo tempo.

E tem razão o poeta Drumond: vemos morrer um velho ano, que leva consigo nossas frustrações e perdas e vemos nascer uma nova época. Com ela, a esperança de fazer acontecer uma nova vida. Então fazemos planos, traçamos metas, prometemo-nos tantas coisas e, otimistas, sonhamos. E há coisa melhor para um corpo cansado, um coração magoado e uma alma esperançosa, do que sonhar?

Sonhar, eis a questão!  Não correr atrás dos sonhos, eis a razão para entrar ano e sair, sem que os mesmos se realizem. Esse nosso desejo de chegada e saída dos anos, vezes sucessivas, sempre mais rápido, é o nosso grande paradoxo. Se os anos se esticam, é sinal de que vivemos mais e, na nossa ansiedade de realizações, queremos que passem mais céleres ainda. E torcemos para que a engrenagem do tempo agilize seus passos. No entanto, assim, envelhecemos! Depois, desejamos ardentemente que ela, por milagre, perca a força e pare. Quantas vezes dizemos que daríamos tudo para o tempo voltar e trazer a felicidade perdida.

Ouvimos pessoas se referirem, com tristeza, à vida que não viveram, ao amor que não assumiram, a um filho que não acompanharam o crescimento ou lamentarem um ente querido que partiu e que esqueceram depressa demais. Houve uma época em que vivi nesse torvelinho de festas, luzes, comidas, champanhe, alegria, família, amigos, etc., na ultima noite do ano. Entretanto, o dia seguinte amanhecia  envolto numa capa de melancolia e cansaço. Era desprazer com o que sobrara, mal estar espiritual,  fome de ser e estar diferente. E resolvi mudar os meus finais de ano. Ultimamente, por opção, eu os passo sozinha em meu apartamento, olhando os fogos ao longe, ouvindo os sons dessa noite maravilhosa e o cântico da cidade. Fico só, mas não me sinto só. Faço meu balanço, assumo minhas perdas e não reclamo dos meus lucros, mesmo se pequenos. E mais: não reparto as horas, não mais divido minhas emoções no antes e no depois. Hoje, simplesmente, vivo inteira e intensamente e sempre 

...acordo o tempo
antes de a noite escoar,
para que tenha mais tempo
de outros sonhos sonhar.
Caminho no beiral do dia,
onde a vida se refaz
em gomos de fantasia...

Sou otimista e os meus desejos são, ainda, como os da minha juventude, porque, afinal, o ano é novo e a engrenagem do tempo se liberta do peso do passado, acelera seus passos e nos permite uma nova chance, um recomeço, seja em que idade for.



quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

VELHO TEMA I, II, III, IV, V - Vicente de Carvaho








Velho tema
I

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.


II

Eu cantarei de amor tão fortemente
Com tal celeuma e com tamanhos brados
Que afinal teus ouvidos, dominados,
Hão de à força escutar quanto eu sustente.

Quero que meu amor se te apresente
— Não andrajoso e mendigando agrados,
Mas tal como é: — risonho e sem cuidados,
Muito de altivo, um tanto de insolente.

Nem ele mais a desejar se atreve
Do que merece; eu te amo, e o meu desejo
Apenas cobra um bem que se me deve.

Clamo, e não gemo; avanço, e não rastejo;
E vou de olhos enxutos e alma leve
À galharda conquista do teu beijo.




III

Belas, airosas, pálidas, altivas,
Como tu mesma, outras mulheres vejo:
São rainhas, e segue-as num cortejo
Extensa multidão de almas cativas.

Têm a alvura do mármore; lascivas
Formas; os lábios feitos para o beijo;
E indiferente e desdenhoso as vejo
Belas, airosas, pálidas, altivas...

Por quê? Porque lhes falta a todas elas,
Mesmo às que são mais puras e mais belas,
Um detalhe sutil, um quase nada:

Falta-lhes a paixão que em mim te exalta,
E entre os encantos de que brilham, falta
O vago encanto da mulher amada.




IV

Eu não espero o bem que mais desejo:
Sou condenado, e disso convencido;
Vossas palavras, com que sou punido,
São penas e verdades que sobejo.

O que dizeis é mal muito sabido,
Pois nem se esconde nem procura ensejo,
E anda à vista naquilo que mais vejo:
Em vosso olhar, severo ou distraído.

Tudo quanto afirmais eu mesmo alego:
Ao meu amor desamparado e triste
Toda a esperança de alcançar-vos nego.

Digo-lhe quanto sei, mas ele insiste;
Conto-lhe o mal que vejo, e ele, que é cego,
Põe-se a sonhar o bem que não existe.

V

Alma serena e casta, que eu persigo
Com o meu sonho de amor e de pecado;
Abençoado seja, abençoado
O rigor que te salva e é meu castigo.

Assim desvies sempre do meu lado
Os teus olhos; nem ouças o que eu digo;
E assim possa morrer, morrer comigo
Esse amor criminoso e condenado.

Sê sempre pura! Eu com denodo enjeito
Uma ventura obtida com teu dano,
Bem meu que de teus males fosse feito".

Assim penso, assim quero, assim me engano
Como se não sentisse que em meu peito
Pulsa o covarde coração humano.





Biografia

Vicente de Carvalho
Nascido em Santos SP
Época do Parnasianismo
Brasil
 
Vicente de Carvalho (Santos SP, 1866 - 1924) publicou seu primeiro livro de poesias, Ardentias, em 1885.
No ano seguinte, formou-se bacharel na Faculdade de Direito de São Paulo SP. Na época, colaborou nos jornais O Patriota, A Idéia Nova, Piratini, O Correio da Manhã e A Tribuna. Foi membro do Diretório Republicano de Santos SP e participou na Boemia Abolicionista, encaminhando escravos fugitivos para o Quilombo Jabaquara. 
Candidatou-se a deputado provincial no Congresso Republicano, em 1887, em São Paulo. Em 1889 foi redator do Diário de Santos, e fundou o Diário da Manhã em Santos. Tornou-se Deputado no Congresso Constituinte do Estado em 1891, vindo a participar na Comissão Redatora da Constituinte. Entre 1894 e 1913 foi colaborador em O Estado de S. Paulo, sob o pseudônimo de João d'Amaia. Fundou O Jornal, em Santos, em 1905, e colaborou na Revista dos Educadores, em 1912.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1909. No período de 1914 a 1920 foi Ministro do Tribunal de Justiça do Estado, em Santos. Em 1924 publicou Luizinha, comédia em dois atos.
Fazem parte de sua obra poética os livros Relicário (1888), Rosa, Rosa de Amor (1902), Poemas e Canções (1908), Verso e Prosa (1909), Páginas Soltas (1911) e Versos da Mocidade (1912).
Vicente de Carvalho é um dos principais nomes da poesia parnasiana brasileira; em seus versos, tematizou com freqüência a natureza, principalmente o mar, alguns momentos da história brasileira e o amor.

LER SOBRE O PARNASIANISMO:

TROVAS SOBRE SAUDADE - Elen de Moraes Kochman










quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

AGENDA VERMELHA - Elen de Moraes Kochman (Um conto de Natal)




http://www.tribunaportuguesa.com
       
            
Elen de Moraes Kochman

O batom escarlate da assistente social, em contraste com sua pele clara, não permitia que Lucas se concentrasse no que ela lhe dizia. Baixou os olhos para não ser indiscreto, mas deu de cara com fartos seios, apertados num generoso decote, dando a impressão que iriam se desinflar à medida que ela respirava, ou saltar do minúsculo esconderijo. Embaraçado, fixou o olhar nos enfeites natalinos da ampla sala e na Senhora franzina, de óculos antiquados, que combinava, estranhamente, com os tecidos envelhecidos das poltronas e com as estantes escuras. Sentiu-se nostálgico com o quadro que acabara de visualizar, onde o tempo deixara marcas, sem tirar a suntuosidade. Talvez a moça com seu batom flamejante e seios à mostra só quisesse imprimir cor e vida ao ambiente.

Voltou-se quando, delicadamente, ela tocou seu braço e lhe entregou as chaves do apartamento que sua mãe ocupava e um presente embrulhado em papel com motivo natalino, amarrado com laços verde e dourado e um cartão que dizia “Para meu filho, com amor. Raquel”. 

*****
Mãe e filho não se encontravam havia mais de um ano, desde que ele assumira, como engenheiro responsável, a obra de uma autoestrada no interior do país. A responsabilidade, a dificuldade de locomoção e a falta de coragem para enfrentar longas horas num transporte hidroviário, para só depois pegar um voo, foram os motivos da prolongada ausência.  Antes da transferência, os dois chegaram a um consenso de que seria melhor que ela fosse viver num hotel para a terceira idade, com atendimento médico, do que ficar sozinha no casarão onde moravam, sem ter quem a assistisse, caso precisasse. Decidiram-se por aquele simpático hotelzinho nas montanhas. 


*****
Lucas entrou, fechou a porta, abriu a janela e uma lufada de melancolia invadiu, com a brisa da tarde, o quarto bem decorado onde vivia sua mãe. Seu olhar perdeu-se nas colinas que cercavam aquela cidadezinha. Passou as mãos pelos cabelos, gesto repetido sempre que se sentia desconfortável. Abriu o presente e viu que se tratava de uma agenda vermelha, com anotações e fotografias. Balançou a cabeça sorrindo por sua mãe conseguir, ainda, surpreendê-lo. 

Chamou-a pelo celular, mas estava fora de área. Deixou recado. Lucas sentiu uma ponta de remorso por tê-la deixado ali tantos meses, sem visitá-la. Jogou-se na cama com a agenda nas mãos. Segurou-a por instantes sobre o peito, como se tivesse receio de lê-la. 

As primeiras anotações versavam sobre questionamentos de como suportar ausências e sobreviver à solidão e à saudade. Durante dois meses elas se referiam às caminhadas, hidroginástica e conversas com amigos virtuais. Algumas com letras grandes: “Só hoje meu filho telefonou. Coitado, perdendo a vida como perdeu o casamento”. 
Notas grifadas: “Vitório, novo hóspede, é alegre e jovial”, “Aceitei acompanhá-lo aos bailes que o hotel promove”, “Jantamos fora”, “Fomos ao cinema”, ”Fomos ao teatro”. 
Numa foto Raquel e Vitório estão de mãos dadas, entre outras pessoas. 
Anotações de Natal: “Três meses aqui. Não me acostumo!”, “Véspera do primeiro Natal. Sozinha”,“Vitório viajou. Presenteou-me com um coração numa corrente”, “Meu filho, talvez, me faça uma surpresa”. 
Uma nota com letras maiores, ocupando uma página inteira: “Decepcionada. Lucas não veio! Telefonou”. 
Entre o Natal e o Ano Novo, nada anotado. Desenho de lágrimas nas páginas em branco. 
Semana seguinte: “O Psicólogo aconselhou-me terapia de grupo”. 
Um mês depois: “Vitório voltou sem a alegria de antes”.
Outras anotações falavam da participação dele na terapia. Fotos do amigo e outros hóspedes. E uma visita inesperada: “Carol e Maísa, neta e ex-nora, me visitaram. Carol, linda! Maísa, escultural como antes”.  Junto, uma foto das três, sorridentes. 

Lucas tentou nova ligação. O telefone continuava fora de área. Impacientou-se. Abriu a agenda e observou, demoradamente, a foto da família. Sua filha, muito séria para seus 18 anos, porém sua ex-mulher conservava o sorriso que o encantara quando se conheceram. Sentiu o coração apertado, mas reconhecia que colocara a carreira como prioridade e ela teve razão ao pedir o divórcio. Casamento desfeito, relacionara-se com outras mulheres, porém sem compromissos. Quanto à filha, ia vê-la quando podia, cumpria suas obrigações financeiras como pai, porém deixou de visitá-la, definitivamente, quando a menina preferiu, pela segunda vez, viajar com a mãe e o suposto padrasto, do que passar as férias com ele e a avó. Jamais entendeu se a mágoa foi pela filha ou se pela ex-esposa tê-lo esquecido tão depressa. 

Continuou folheando a agenda, olhando as fotografias e se deteve numa, onde Raquel, Maísa, Carol e Vitório estão numa festa. A anotação diz: “Vitório me pediu em casamento. Aceitei. Ficamos noivos”, “Preciso conversar com meu filho”, “Carol e Maísa vieram para a comemoração”.

Lucas fechou a agenda, aborrecido. Como que então sua mãe aceitara casar-se com um desconhecido, sem discutirem o assunto! Agora nem pensar em voltar para a obra, sem encontrá-la. Ligou para o escritório avisando que precisava resolver problemas familiares e que remarcaria a passagem. Anoitecia quando desceu a serra. Como o casarão da família ficava a caminho do hotel onde se hospedara, decidiu passar por lá para ver como estava o imóvel. 

***

Estacionou o carro. Viu as luzes acesas e a casa enfeitada.  Abriu o portão, atravessou o jardim iluminado e pensou que talvez Raquel a tivesse alugado. Preferiu tocar a sineta da porta e aguardar. Alguém a abriu. Todos o olhavam, num misto de espanto e alegria. Entretanto, era como se esperassem aquele milagre. 

Raquel se adiantou para recebê-lo e no seu abraço havia grande contentamento. Carol juntou-se a eles e nos seus olhos, além de lágrimas, lia-se o perdão. Depois, Vitório também o abraçou efusivamente, apresentou seus filhos, noras e netos e enfatizou que vieram para o Natal, mas que ficariam para o casamento, caso ele lhe concedesse a mão de sua mãe.  

Só então Lucas virou-se e viu Maísa que aguardava sua vez para cumprimentá-lo. Ela lhe estendeu os braços entre hesitante e sorridente. A emoção do longo abraço foi a mesma que ele sentiu quando se apaixonou por aquele sorriso cativante.

*Qualquer semelhança com a vida de alguém é mera coincidência.








domingo, 25 de novembro de 2018

SÚPLICA - Miguel Torga



GUERRA E PAZ - Elen de Moraes Kochman





Guerra e Paz


Elen de Moraes Kochman




Um dia nós germinamos
duma mesma sementeira
e dela nós nos tornamos
ramificação cabal,
força, raiz axial
da videira verdadeira;
também caulificação,
-a galhaça- parte inteira
pra partilha da fração.


Temos o mesmo cariz,
prerrogativa arbitral
para fazermos o bem
ou escolhermos o mal,
e decidir de que lado
vamos ficar e com quem...
Por que escolher a guerra,
essa luta indecente
que assassina e sacrifica
o nosso irmão inocente?
Que mata por ideal,
que mata em nome de Deus,
que mata em seu próprio nome?


Se pra alguns, fazer a guerra
é motivo pra ter Paz,
desprezível é o homem
que no ódio se compraz!
Animal recalcitrante
que vive sem dedicar
amor ao seu semelhante,
Semente que foi plantada
pela mão do Criador,
o mesmo Deus e Senhor.


Não adiantam armistícios
se dentro de cada um
a guerra não for sanada,
nem tampouco artifícios
por essa paz ansiada,
se começa em nossos lares,
da guerra, as preliminares!


É tão triste e dilacera
ver criança explodida
por um míssil governado,
quanto ver um inocente
pelas ruas da cidade,
da violência, nos braços.
Também, ser assassinado,
por uma bala perdida,
pela droga consumida
que contamina seu corpo,
que transforma os seus órgãos
em descartáveis pedaços!


Maldito homem tenaz,
que luta "em nome de Deus"!
Bendito homem da paz,
que acolhe inimigos seus!



terça-feira, 20 de novembro de 2018

MÃOS LIBIDINOSAS - Elen de Moraes Kochman




Mãos libidinosas...

Elen de Moraes Kochman



Quero esse teu sorriso de criança
Brincando nos teus lábios sedutores...
Lago onde repousam os teus amores,
Boca gostosa... sempre em desvairança.


Quero nos teus olhos de homem inquieto,
Um doce olhar de lince apaixonado,
Inocente, sem ranço de pecado,
Faiscando de luxúria e de afeto.


Quero tuas mãos... Ah... mãos libidinosas,
Viris, fortes e ágeis nas pegadas...
Tuas pernas seguras nas passadas.


Quero teu corpo em vertigens gloriosas,
Penetrante... em compasso de alegria,
Fazendo amor... Ai, como eu gostaria!


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

TEMPO FUGAZ - Trova - Elen de Moraes Kochman






































Um belo entardecer nos faz aplaudir a sua beleza 
e abraçar a noite que desce, com alegria, para
um sono reparador, necessário descanso, 
certos de que a vida continua...
 do outro lado.



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